quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Fahrenheit 451



Exibição do dia 14 de setembro, sexta-feira.



Fahrenheit 451 – Fogo amigo no AZouganda


É curioso que Fahrenheit 451 seja exibido no Cineclube AZouganda justamente na semana do 11 de setembro. Pode ter sido coincidência ou devidamente planejado, o fato é que foi uma sacada genial. Porque o filme do cineasta francês François Truffaut é um dos que melhores dialogam com a crise entre Ocidente e Oriente vivida atualmente. A obra não fala da guerra, da violência, mas de uma sociedade tão obcecada em tornar-se homogênea, produtiva e segura que sufoca a cultura.


O filme é baseado no livro homônimo de Ray Bradbury e conta à história de um futuro hipotético onde a escrita e os livros foram abolidos da sociedade por serem considerados perigosos. François Truffaut não apenas refletiu sobre o livro como o transformou em um filme essencialmente dele, o que em outras palavras quer dizer delicado, belo e extremamente profundo. Pelo adjetivo belo deve-se dividir o crédito com o diretor de fotografia Nicholas Roeg. A primeira vista esse parece uma película estranha à filmografia de Truffaut. O diretor sempre preferiu temas como mulheres, paixão ou a infância. A política nunca ocupava palco central nas suas obras. Nunca retornou a ficção científica depois de Fahrenheint 451 e nem fez outro filme em inglês. No entanto, em uma análise das outras obras de Truffaut nota-se que desde o primeiro longa-metragem, Os Incompreendidos, o diretor tratava da vontade de libertar-se. Liberdade política, liberdade de sentimentos e liberdade para seguir sua própria cultura ou outra se assim desejar. Mas, ser livre, porém, é impossível sem acesso ao conhecimento.


Truffaut, provavelmente, não estaria feliz com uma França lidando, e mal, com conflitos raciais sanguinolentos. Escolas americanas proibindo o ensino do darwinismo. Papa reacionário ao extremo. Uma sociedade que tenta doutrinar a cada dia a cultura e o pensamento dentro de regras. Mas, ficaria feliz em saber que os homens-livros atuais não precisam fugir, eles “atacam” por dentro em blogs, associações de bairro, youtube, cineclubes, qualquer meio para disseminar suas idéias.

Aluísio Gomes Jr.




François Truffaut: http://www.facom.ufba.br/com112_2001_2/nouvellevague/truffaut.html
Nouvelle Vague: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nouvelle_Vague



Título Original: Fahrenheit 451

Gênero: Ficção Científica

Tempo de Duração: 112 min.

Origem/Ano: Inglaterra/1966

Direção: François Truffaut

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