quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Morango e Chocolate

Por Patrícia Alves

Edição: Amanda Ramos


Há décadas, Cuba desperta o interesse do mundo, seja entre simpatizantes ou não. A verdade é que Cuba ainda impressiona por ser não apenas o único país latino-americano comunista, mas, principalmente, por ter engendrado uma revolução socialista, às "barbas" da maior potência capitalista mundial de então, os Estados Unidos. Porém, por mais curiosos que sejamos em relação à Cuba, conhecemos muito superficialmente sua realidade, salvo os especialistas e algumas raras exceções.

Assim, o filme Morango e Chocolate pode com certeza trazer à tona discussões e reflexões acerca da complexidade histórica da realidade cubana. A Havana de 1979 não é tão diferente da de hoje. Com certeza, atualmente, a situação cubana agravou-se, não apenas em conseqüência da queda do comunismo na URSS, em 1989, mas, principalmente, da perda acelerada dos recursos que provinham deste país.

Historicamente, o filme é bastante fiel às dificuldades da vida do cubano, à religiosidade (mostrando as fortes influências africanas, em oposição ao ateísmo instituído pelo materialismo histórico e seguido à risca pelo regime) e às desigualdades sociais que começam a aparecer. Um tema bem enfocado pelo filme é o da discriminação sofrida pelos homossexuais cubanos que, nas décadas de 1960 e 1970, eram enviados aos chamados "campos de reeducação" com o objetivo de serem "regenerados" para o "benefício" da sociedade cubana.

A relação conflituosa dos dois personagens, que permeia todo o enredo do filme, vai, aos poucos, com maestria, guiando o espectador para o interior de Cuba: uma Cuba alegre, espirituosa, religiosa, política, humana, mas repleta de contradições. Gutierrez consegue, com bastante sutileza, nos apresentar uma Cuba muito especial, com um passado revolucionário glorioso e que tenta, mesmo ilhada econômica e militarmente, manter suas conquistas e sua soberania.

Morango e chocolate vem lembrar, segundo seu diretor, que, "acima das questões políticas suscitadas pelo governo de Fidel Castro, há um país chamado Cuba e uma forte cultura nacional".



Saiba Mais:

Tomás Gutiérrez Alea: http://cineclubeybitukatu.blogspot.com/2009/04/ tomas-gutierrez-alea.html

Glauber Rocha e o Cinema Cubano: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882002000200011&script=sci_arttext




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