quinta-feira, 5 de março de 2009

Encantadora de Baleias

Encantadora de Baleias

Por Aluísio Gomes Jr.*

A tradução de títulos no Brasil costuma ser horrível. É capaz de transformar The Prince of Bel Air (O Príncipe de Bel Air) em Um Maluco no Pedaço. No caso desse filme, no entanto, acertaram em cheio. Poderiam traduzir Whale Rider como Domadora de Baleias, Amazona de Baleias e talvez o público esperasse um filme de ação ou um Free Willy. Preferiram o charmoso título Encantadora de Baleias e nada poderia se encaixar melhor, pois é exatamente isso que a película da diretora e roteirista Niki Caro faz com o espectador: encanta.

Baseado no livro do autor maori Witi Ihimaera, o filme nos leva até uma pequena vila em Whangara, leste da Nova Zelândia. Lá vive um grupo que acredita decender de um semi-deus, Paikea, que teria chegado a ilha cavalgando uma baleia. A partir dele a cada geração o primogênito homem da sua linhagem seria o chefe da tribo. Nova Zelândia? Maori? Paikea??? O que esse filme poderia falar para alguém no Nordeste do Brasil? Muito. Tudo. Canta tua aldeia e cantarás o mundo, diria Tchekov.

Esse canto muda a partir do nascimento da menina Pai (Keisha Castle Hughes). A morte do irmão gêmeo no parto faz com que o posto de líder da tribo fique vago. A pequena Pai é criada pelo avô Karo (Rawiri Paratene) com o qual mantém uma relação ambígua. O avô alterna momentos de extrema ternura com ela, como nas cenas em que a leva a escola de bicicleta, com momentos extremamente rudes (boa parte do filme). A menina quer provar que pode ser líder, o velho chefe quer manter as tradições a qualquer custo.

Pai vai provando seu valor ao longo do filme. Karo não quer treiná-la? Ela aprende com o tio. Não pode freqüentar a escola para chefes? Ela olha as aulas escondida. É certamente um dos personagens mais paciente e perseverante já visto nos cinemas. Ela suporta todos os momentos de humilhação de forma firme, resignada com um único momento de explosão (não por acaso a cena mais emocionalmente do filme). Tudo isso, com apenas 11 anos.

Mas o encanto do filme não seria possível se não fosse pela atriz Keisha Castle Hughes. Keisha com sua aula de atuação transforma a menina Pai numa Joana D’Arc, numa Rosa Luxemburgo. Mulheres que transformaram suas aldeias. Mulheres que transformaram o mundo.

*Jornalista e Coordenador do Cineclube AZouganda

Blog: http://www.cineclubeazouganda.blogspot.com
Comunidade no Orkut: Cineclube AZouganda
Fotolog: http://www.fotolog.com/cine_azouganda
Grupo de Discussão: http://br.groups.yahoo.com/group/cineclube_azouganda/
E-mail: cineclubeazouganda@yahoo.com.br
Fone: (81) 9950-0166 (Amanda Ramos) ou (81) 8638-8205 (Artur Rogério)

Nenhum comentário: