segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Próxima Exibição: 11 de Setembro - 11'09''01


11 de Setembro

Por Amanda Ramos*

Onze cineastas, cada um com 400.000 dólares na mão, com a missão de usar o tema do 11 de setembro em um curta que durasse exatamente 11 minutos, 9 segundos e 1 frame (um quadro). Eles são amarrados por uma animação do globo terrestre indicando sempre Nova York e o país onde cada historieta se passará (ou de onde surgiu o diretor que fez o curta). O resultado é uma mistura de perspectivas.
A produção franco/britânica causou polêmica em sua estréia no Festival de Veneza quando alguns espectadores americanos manifestaram revolta com a “falta de solidariedade” dos cineastas para com os EUA. Artigos inflamados em jornais americanos acusaram o filme de “profundamente antiamericano”.
O francês Alain Brigand, que não integrou o filme, mas foi seu idealizador, explicou o que o motivou: “Eu também fiquei preso à televisão naquele dia, vendo com horror as imagens que não paravam de chegar de Nova Iorque. Foi nesse momento que pensei que a essas imagens era preciso responder com outras imagens, de outros países, de outras pessoas que contassem como aquela tragédia se relacionava com elas e como as afetou. Por que a dor não é exclusivamente americana.
Como em toda coletânea, nem todos os curtas têm a mesma qualidade, mas o resultado geral compensa. Para o britânico Ken Loach, autor da seqüência mais aplaudida e emocionante do filme - o curta que evoca o 11 de setembro de 1973, quando aconteceu o golpe de Estado no Chile, patrocinado pelos EUA, que derrubou Salvador Allende e colocou no poder um regime militar que faria mais de 30 mil mortos -, “o governo americano não pode agir do mesmo jeito por muitos anos sem colecionar inimigos de todo o mundo”. Para mim, diz o cineasta, “o 11 de setembro é um evento a mais numa luta permanente que todos conhecemos. Foi um ataque simbólico ao poder que representam o World Trade Centre e o Pentágono”. Em seu curta, onde um refugiado chileno lê uma carta dirigida à América, que foi ovacionado e arrancou lágrimas da platéia, a resposta também é direta: “Nós não vamos esquecer dos vossos mortos”, diz o personagem chileno, “Mas espero que vocês também não esqueçam dos nossos”.
Para todos nós, que vimos pela TV este incidente, ter a oportunidade de vislumbrar o atentado com a perspectiva de outras culturas é esclarecedor. É a constatação pura de que a verdade não pertence a nenhum dos lados; temos somente interpretações.

*Coordenadora do Cineclube AZouganda e Diretora de Comunicação da FEPEC.

Saiba mais:

Sobre o 11 de setembro: http://www.unificado.com.br/calendario/09/especial.htm
Ken Loach: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ken_Loach


Título Original: 11'09''01
Direção: Youssef Chahine (segmento Egito), Amos Gitai (segmento Israel), Alejandro González-Iñárritu (segmento México), Shohei Imamura (segmento Japão), Claude Lelouch (segmento França), Ken Loach (segmento Reino Unido), Samira Makhmalbaf (segmento Irã), Mira Nair (segmento Índia), Idrissa Ouedraogo (segmento Burkina-Faso), Sean Penn (segmento Estados Unidos) e Danis Tanovic (segmento Bósnia-Herzegovina)
Ano/Origem: 2002/França
Gênero: Drama
Duração: 135 min

Uma das visões: http://www.youtube.com/watch?v=7vrSq4cievs

Cineclube AZouganda:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=8660941

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