segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

WIN WENDERS, RAFA DA RABECA, MARCELO PINHEIRO, SIBA VELOSO, CAETANO VELOSO, DAVID BYRNE

Na última sexta-feira, 19 de maio, Rafa da Rabeca tocou na casa, como um vendedor de bíblia ou como um assaltante, um grupo de coqueiros plantado na caqueira da casa. O coco posto em pé pra quem tem olhos e ouvidos, sede. Rabeca, para nós, estudantes da FFPNM-UPE, é o cordão umbilical, o cupido de asas de madeira; nos beija na boca e nos tranqüiliza diante da responsabilidade para com os seres do mar, os negros na África.
Tenho escrito um projeto que é o Prêmio Vampírico. Fala-se que divisão de classes é conceito ultrapassado, que a pós-modernidade superou o livro marxista. E o que tanto fazem os nomes citados no título deste texto? É ação necessária num mundo onde há sim divisão de classes, tira de uma, põe na outra. Neste caso, sou marxista. O que eles fazem é negócio feito pescador de caranguejo. Tira da merda, mostra pra riba, tira da vida, joga na morte, tira da morte, tira da vida. Tem gente que precisa, de forma vital, tomar água de canudinho tal qual o único personagem inteligente dos filmes Jogos Mortais I, Jogos Mortais II. Isso também tem a ver com o gasoduto da parceria Petrobrás-Bolívia que recentemente foi motivo de um debate(?)-conflito(?) cuja natureza é quasar. Não sei se para o ser humano, como a água, nós precisamos estar captando/capitaneando almas, cultura, estética, vidas de planos baixos. Isso tem a ver com a coisa da Antropofagia dos paulistas lá que caminha com Caetano, baiano, cantando Nirvana baiano. Não sei se este ser antropófago come e cospe ou come e grita idealista, ou simplesmente ri tranqüilo e satisfeito. Assim, de maneira geral, não sei. Sei que a academia, as universidades, talvez depois do Duchamp e a sua roda, faz uso do kitch, e ainda vende o kitch, porque essa é a lógica natural do kitch, como o novíssimo, o vanguardístico, o Demolidor. O conceito antropofágico também é produto, assim como é produto caro Chico Buarque, Marisa Monte e Taty Quebrabarraco. O Prêmio Vampírico é pra que a gente festeje esse fato. Antropofagia como pré-requisito para as cadeiras de todos os cursos de todas as faculdades mentais. Os gênios da academia são uns bostas que se formam com títulos geniais e não sabem qual é a diferença entre uma cadeira e uma mesa. Sugam a beleza e a inteligência do marginal da mesma forma que comem (ou dão a bunda) as Jannaynnas e Myxchelless, putas de Boa Viagem, e criam personagens de teatro ruim. É um antídoto para neutralizar o veneno. Tira a célula comunista, o veneno, processa a matéria prima e vende analgésicos. O câncer não tem cura. O câncer atinge qualquer um, use fardão ou não. A metáfora, que é o primeiro antepassado do homem, nos ensina que nem tudo é o que é. E isso é a verdadeira Chave Mestra.
É o que fizeram aqueles nomes do título, aquele nome dos títulos. É a beleza do que fizeram os título. Eles são o câncer, a metáfora. Win Wenders fez um documentário, Buena Vista Social Club, que levou, de Cuba aos EUA, os deuses da música. Rabeca bateu apressado na porta dos deuses de Nazaré da Mata e pôs o coco de Nazaré da Mata para bater pra eles. Marcelo Pinheiro, talvez inspirado pelo próprio Wenders, e Siba Veloso puseram os cantores de Nazaré da Mata na França. Caetano Veloso colocou Odair José no menu dos deuses. David Byrne reproduziu uma imagem do Santo Tom Zé e propagou a doutrina tomzelista por aí pelo mundo. Ou foi o contrário.
A conclusão para mim não existe. Fica, então, a história do câncer como conclusão disso tudo. Pra mim, pra quem tá lendo, não. Fica Um Inimigo do Povo. Fica o fato.


Artur Rogério, coordenação do AZ, 24 de maio de 2006.

Um comentário:

Aninha disse...

eita , vai rolar amanha a primeira exibição do cineclube cultura
O longa Noite e Neblina de Alan Resnais e o curta de ficção La jetèe de Chris Marker.Crítico convidado: Alexandre Figueroa. 1kg de alimento não perecivel. 18h Livraria Cultura.