terça-feira, 30 de junho de 2009

Programa Cinema 11, da TVU

Pessoal,

hoje (30/06) irei participar de uma matéria sobre cineclubismo para o Programa Cinema 11, da TV Universitária.
Além do Cineclube AZouganda, também foram convidados representantes dos cineclubes Dissenso (UFPE) e Reverso (acho que é o Revezes, que passaram errado o nome). Quando for ao ar, passo os informes.

É o cineclubismo pernambucano cada vez mais gritando por todos os cantos.

E vamo continuando...


Bjins,

Amanda Ramos

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Garapa, de José Padilha

Garapa


















A UTOPIA DE UM PÃO

José Padilha, diretor de Tropa de Elite e Ônibus 174, explora mais uma vergonha nacional (a fome no Nordeste) em seu novo documentário Garapa

Por Eduardo Carli de Moraes


GARAPA
José padilha
[garapa, BRA, 2009]


Dizem as estatísticas da ONU que são 930 milhões de pessoas, no mundo, que passam fome. No Brasil, segundo o IBGE, nada menos que 11 milhões de famílias padecem de “condições de insegurança alimentar grave”. Mas um número no papel, por mais estratosférico que seja, é capaz de trazer alguma lágrima aos nossos olhos? Nos tirar o sono à noite? Povoar de pesadelos nosso descanso? Nos empolgar a algum tipo de engajamento ou revolta? É sequer imaginável, concretamente, o tamanho espetacularmente faraônico dessa tragédia cotidiana?


“José Padilha é um cineasta in – inquieto e inconformado com a realidade que o cerca, a ansiedade à flor da pele. Está sempre a mil por hora, como se estivesse o tempo todo dirigidno um filme sem começo nem fim, com um roteiro imaginário na cabeça, em busca de um final feliz que nunca chega. Tem sede e fome de justiça, não se conforma em ver nada errado”, escreveu o jornalista Ricardo Kotscho na revista Brasileiros. Agora o diretor de Tropa de Elite e Ônibus 174 retorna em seu terceiro filme, Garapa, apostando mais uma vez na imensa potencialidade do cinema como um instrumento de conscientização social. A impressão que fica é a de que ele confia no cinema como um modo de construir uma empatia, uma identificação e uma comoção do espectador com as realidades sociais que nenhum livro, relatório ou estatística é capaz de transmitir. E, ao sentir o impacto indelével que é chocar-se com Garapa, quem haveria de negar esse poder extremo que às vezes consegue conquistar a imagem cinematográfica?


Mais de 70 anos desde a escrita de Vidas Secas, de Graciliano Ramos (de 1938), 45 anos depois do lançamento de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha (de 1964), e 20 anos desde Ilha das Flores, de Jorge Furtado (de 1989), para ficar em poucos exemplos, temos que admitir: as existências no sertão continuam áridas, as barrigas roncam sem parada e as bocas humanas vão engolindo a comida que até os porcos rejeitariam. É verdade que já estamos ouvindo faz décadas sobre a péssima distribuição de renda e de terra que faz do Brasil um dos países mais injustos do planeta. Mas não há nada de supérfluo em mais uma obra que venha nos rememorar de uma chaga que ainda não parou de sangrar e que estamos longe de ter conseguido remediar. Garapa é um lembrete que vem em boa hora, para retirar as vendas que indústria do entretenimento e do consumo nos mete nos olhos para que não vejamos o quanto a situação é crítica e deprimente.


Garapa foi filmado antes de Tropa de Elite, em pleno verão de 2005, na cidadezinha de Quixadá (a 200km de Fortaleza). Mas só foi montado e finalizado com a ajuda do capital gerado pelo blockbuster que mostrou o Capitão Nascimento e seus asseclas do BOPE em confronto sangrento contra os traficantes do Rio.


Padilha diz que, dos três filmes que fez, este é o mais “universal”. Sinal de que não pretendeu fazer apenas um filme de brasileiro, e para brasileiros, mas um testemunho e um protesto que devem ser ouvidos em qualquer canto do planeta Terra, onde – para nos rendermos à pobreza comunicativa de uma estatística – cerca de 1 bilhão de seres humanos, uma pessoa em cada sete, passa fome.


A escolha do preto e branco talvez se explique por aí: por um lado, o “fato” retratado nada tem de “colorido” – é uma realidade sombria, acizentada e tétrica, em que o Sol sempre flamejante não faz com que os destinos sejam menos negros. Por outro, o preto e branco também auxilia a deixar o retrato com vocação para a universalidade, já que um filme à cores traria muito marcada os tons específicos da paisagem e do solo no sertão nordestino brasileiro, enquanto que o p&b torna aquele cenário semelhante a qualquer pocilga terceiro-mundista, seja no Oriente Médio, na Ásia, na África ou na América Latina.


Além disso, a monotonia da cor ecoa a monotonia da miséria, já que à vida destes esfomeados, reduzida ao mais primário, se vê presa num chão-a-chão sem futuro, um presente sem horizontes e um passado que vai-se esquecendo rápido pois não há nele nada digno de ser rememorado. Um tempo em que a única e terrível obsessão e é manter um organismo vivo – e com quê custo!


Aqui somos apresentados a crianças que vão viver e vão morrer, a maioria delas, sem jamais conhecer o gosto do chocolate, sem jamais saber como é essa tal de Coca-Cola e que dificilmente conseguirão realizar essa façanha: se tornar “gente grande”. Porque por ali virar adulto é mais difícil que tudo: quase todo mundo morre tentando.


São crianças com os dentes podres, que são arrancados à força e que berram sem fim pelas madrugadas por um remédio que não há e por um dentista que não se pode pagar. Mas que importa ficar banguela, se não há carne nem pão que fosse preciso morder? Ah, amiguinhos, no Ceará ter dentes sadios é quase um luxo desnecessário, já que a principal fonte de nutrição da molecada é a “garapa”, ou melhor, água com açúcar!


São crianças piolhentas, imundas, que andam sem roupa não porque o clima convide a uma alegre brincadeira de nudismo, mas sim porque não possuem um mísero trapo com que cobrir seus corpinhos calcinados de sol. Têm a pele lotada de “perebas”, que o médico diz que é alergia, mas que não desaparecem (pelo contrário: só se multiplicam!) pelo contato cotidiano com as moscas, muriçocas e outros insetos que infestam casas que jamais conhecerão o inseticida. Ah, mas não é lindo de ver os primatas vivendo em comunismo com os artrópodes e as bactérias?


Esses pobres “filhos da miséria” são “arranjados” por seus pais como se fossem uma epidemia – devido à falta de métodos contraceptivos e ausência de consciência clara da necessidade de controle de natalidade. Uma das mães, que antes dos 30 anos de idade já possui 11 filhos, sem ter condições econômicas de alimentar sequer UM, usa uma linguagem sintomática: filho, para ela, é algo que a gente “pega” – como se pega uma doença ou um resfriado. Por mais que ela queira controlar a disseminação de uma prole que vem ao mundo chorando, para viver de estômago roncando, e morrer cedíssimo e definhando, ela não tem os meios para barrar essa enxurrada de novos seres que saem de seu ventre e que vêm se adicionar ao imenso e desolador cenário da miséria.


E, se a situação das crianças é de quebrar o coração, o que dizer dos adultos? São pessoas um tanto enlouquecidas por excesso de privação e humilhação. Quantas milhares de Estamiras não deverão estar espalhadas por este sertão, balbuciando discursos de raiva e humilhação à beira dos barracos e lixões?! São lares marcados pelo desemprego sem horizontes, pelo alcoolismo crônico e incurável, pela troca de ofensas entre os cônjugues, por cenas de estupro marital que não são denunciadas, por uma triste resignação a uma vida que talvez nem seja digna desse nome… Apesar de tudo, são seres que frequentemente se aferram à fé e crêem que “Deus dá”. Mas que Deus é esse, sempre silente nas nuvens, que não mexe um dedinho de sua mão onipotente para amortecer a fome de 1 bilhão de seus “filhos”? E o que ocorreria, se os despossuídos desse mundo deixassem de orar nas igrejas por uma ajuda que não chega jamais e se pusessem a agir em prol de uma transformação concreta desse mundo que parece abandonado por seu Criador?


E, enquanto marido e mulher trocam grosserias e sopapos, num português de analfabetos, em meio a crianças que murcham vivas de subnutrição, enquanto o papai vai vender o leite para ter sua dose diária de cachaça, o espectador no cinema talvez se sinta envergonhado de sua pipoca e seu refrigerante, que aprecia no conforto de um multiplex em que pagou 20 reais de ingresso e mais 20 de guloseimas. Numa sessão de cinema de Garapa, há casais ou grupos de amigos que gastam mais em duas horas do que uma família de 12 pessoas gasta em um mês. Mas não é isso o mais grave – a alfinetada final o filme reserva para o créditos, que nos contam, para nosso escândalo, o número de pessoas que morreram de fome durante a projeção do filme. Garapa é também um filme que acredita que há coisas muitos mais urgentes a fazer do que assistir filmes.



ESMOLA NÃO!

Um documentarista não é um agente humanitário. Está ali, com sua câmera, para registrar o real como o encontra, sem alterá-lo ou maquiá-lo antes de captá-lo. Todo o sentido do filme se perderia se uma equipe de produção tratasse de “arrumar o cenário” dentro destas casas e “dar dicas” às famílias sobre como deveriam se comportar assim que se apertasse o “REC”. José Padilha é exemplar neste sentido, demonstrando plena compreensão de qual é a atitude de um documentarista de gênio – e coloca-se, desde já, entre os mais brilhantes nomes do documentário nacional dos últimos anos ao lado de Eduardo Coutinho e João Moreira Salles.


Vendo aquelas crianças passando fome frente à câmera alguns de nós talvez faça a pergunta, pondo em cheque à ética daquele que segura o instrumento que apenas observa, passivamente, um espetáculo terrível que ele poderia concretamente remediar: “por que o pessoal do filme não paga um almoço pr’essa gente? não dá umas esmolas? não liga pras assistentes sociais? não ajuda a parar a sangria com band-aid e torniquete?”


É que este filme não está aqui para nos dar edificantes lições de moral sobre a necessidade de caridade, de generosidade, através do pífio e inútil exemplo da esmola. O que esses seres humanos precisam não é de esmola, isso é certo, e todos aqueles que estão ansiosos para se libertarem do ônus da culpa social através desse meio não recebem deste filme nem fiapo ou rastro de permissão. Garapa traz, no fundo, um implícito cansaço com os paliativos, e nos deixa com a sensação de que algo muito mais radical, uma modificação de uma magnitude muito maior, é necessária para amelhorar este triste quadro. Para Padilha, a atitude de “mostrar o real”, sem maquiagens, não se opõe à atitude paralela de “modificar o real”, sem covardias e medidinhas paliativas, que só aplacam por minutos a dor, deixando intacta a doença.


Um documentarista também não é um dramatizador, e o filme, apesar de poder ser visto como um filme profundamente dramático e perturbador não parece ter essa intenção de dramatizar. Em momento algum utiliza-se trilha sonora musical para sentimentalizar, nem se procura utilizar artifícios cinematográficos para fazer as lágrimas virem aos olhos dos observadores de todas aquelas tristezas.


Toda a renda de Garapa vai ser revertida em benefício de famílias carentes do Ceará. A única coisa que me entristece numa atitude tão louvável, e tão digna de ser imitada, é que um filme destes provavelmente não fará nem 10% do sucesso que fez Tropa de Elite – apesar de ser um filme tão “violento” quanto, e talvez ainda mais desolador. O filme anterior de Padilha foi certamente um dos grandes filmes nacionais da década (em termos de público, de debate social gerado, de cópias pirateadas e vendidas no mercado negro e de repercussão no exterior, rendendo até mesmo um Urso de Ouro em Berlim). Mas trazia uma violência crua, um tanto estilizada, podendo ser enxergado como um tarantinesco do terceiro-mundo que oscilava entre a crítica social e a espetacularização da violência. Já Garapa trata-se um filme brasileiro que possui uma estética que é absolutamente limpa de qualquer contaminação da estética para-as-massas do cinemão americano, ao mesmo que carrega uma grande vocação para a universalidade. É, sem dúvida, um dos filmes mais chocantes que fez o cinema brasileiro nesta década e nos contamina com uma sensação de indignação e urgência que são imprescindíveis na tentativa de transformar um quadro tão deprimente.


Trailer do filme Garapa: http://www.youtube.com/watch?v=UM03baZkEeU&




Fonte: http://www.revistaogrito.com

terça-feira, 23 de junho de 2009

Entrevista com Celso Marconi

Entrevista: Celso Marconi

Celso Marconi vai lançar DVD com 22 curtas


LUIZ JOAQUIM


Foi semana passada, em sua casa, num terraço generoso e arejado, em Bairro Novo, Olinda, que o jornalista Celso Marconi, prestes a completar 79 anos no próximo agosto, concedeu uma entrevista a Folha de Pernambuco. Quem primeiro veio receber a reportagem no portão, latindo, foi seu cachorro. "Macho ou Fêmea?", perguntamos. "Macho", respondeu Celso. "Ele é o Luc. O Jean-Luc Jomard", nos apresentou, com um sorriso.

Para quem conhece um pouco Celso Marconi, entende a brincadeira vinculando um dos maiores nomes do cinema francês, Godard, ao seu amigo de mais de meio século, o pop-filosófico Jomar Muniz de Britto. A reportagem foi atrás da novidade que Celso Marconi está organizando para anunciar em breve. O lançamento de um DVD duplo, totalizando seis horas e 40 minutos de 22 filmes, boa parte feito em Super-8, rodados a partir dos anos 1970, a década efervescente da bitola.

Seis dos filmes são apresentados finalizados e os outros em estado bruto ou retrabalhados recentemente, com inserção de uma nova banda sonora, além entrevistas no formato digital. O projeto do DVD "O Cinema de Celso Marconi" foi aprovado pelo Sistema Municipal de Incentivo a Cultura da Prefeitura do Recife em 2008 e está praticamente pronto, com as cópias do disco sendo feitas em Paris, pelo genro de Celso, que mora lá. "Ele trabalha com essa tecnologia e está tornando a confecção de mil cópias mais em conta", explica. Celso só depende agora de um apoio financeira para fazer o transporte do material para o Recife e lançar o trabalho.

Uma vez lançado, o DVD irá apresentar a uma nova geração o cineasta Celso Marconi, que alguns já conheciam como filósofo, jornalista, crítico de cinema, escritor, professor e, hoje, também blogueiro (http://celsomarconi.blog.uol.com.br) e usuário do Twitter.

Tendo iniciado a carreira como crítico de cinema já no final dos anos 1950, quando ainda não existia essa denominação para quem comentava e reportava sobre cinema nos jornais, Celso é uma rica fonte sobre a história do ofício no Recife. Uma seleção de seus escritos, ao longo da função até 1989, quando encerrou seu trabalho no Jornal do Commercio (tendo iniciado lá em 1966), já rendeu dois livros - "Obra Jornalística de Celso Marconi" (2000) e "Super 8 e Outros: Cinema Brasileiro" (2002) - e vindo mais dois a caminho.

Com tanta história para contar a Folha resolveu dividir a reportagem em duas partes. Hoje falamos da trajetória do jornalista e ferrenho crítico cinematográfico e, na edição de amanhã, do percurso que seguiu como agitador cultural, criando sessões de arte, ensinando na Universidade Católica de Pernambuco, programando cinemas e dirigindo o Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe).


PRINCÍPIO

No princípio havia o Direito, curso superior que junto a medicia e engenharia fazia brlhar os olhos dos pais dos adolescentes nos anos 1950. Celso Marconi era um destes jovens que, após uma frustrada tentativa de passar no vestibular para Direito por orientação do pai, iniciou sua educação em filosofia na Universidade Federal de Pernambuco, quando ainda funcionava na rua Nunes Machado. Ali por volta de 1955, foi aluno na cadeira de Estética ministrada por Ariano Suassuna, personalidade com quem Celso protagonizaria um encontro polêmico vários anos depois.

Com os amigos do curso, entre eles Jomar Muniz de Britto, já frequentava os cinemas olhando para os filmes como um exercício do pensar. "Um colega, Jairo, reclamava comigo dizendo que cinema era a única coisa que a gente tinha para se divertir e eu ainda ficava olhando para o cinema como algo muito sério", relembra.

O amplo interesse o levou a frequentar alguns cineclubes, dos quais o primeiro foi o "Vigilante Cura". Era organizado pela Ação Católica, no 7º andar de um prédio na rua do Riachuelo. Depois começou a de fato estudar cinema no "Cineclube do Recife", que promovia os encontros no teatro do Quartel do Derby, coordenado por José de Souza Alencar (o colunista Alex, do Jornal do Commercio, que naquela época assinava crônicas sobre cinema com o pseudônimo de Ralph).

Foi por essa época que Celso começou a colaborar no jornal Folha do Povo, do partido comunista, também assinando sob o pseudônimo de João do Cine. Nesse mesmo período, colaborava também para o Folha da Manhã até que, Múcio Borges da Fonseca, o editor geral do Jornal Pequeno finalmente o contratou como repórter geral. Naquele tempo, os jornais não eram subdivididos em cadernos por temas como cultura, economia, esportes, etc.

"No Folha da Manhã, lembro de uma matéria polêmica que fiz sobre o serviço social que, de tanta repercussão, teve gente dizendo que a reportagem era de um outro jornalista consagrado. Fiquei lisonjeado", recorda rindo.

Não demorou muito para Celso ser convidado pelo respeitado Antônio Camelo, editor do Diário de Pernambuco. "Era tudo que qualquer jornalista podia desejar". Mas, escalado como repórter policial, o jovem jornalista quase desiste da função por o chefe de polícia cismar que ele era um comunista.

"Sumi por um tempo, mas Camelo me chamou de volta e passei a virar um caçador das celebridades que chegavam discretamente ao Recife. Eu vivia nos grande hoteis, onde todos os empregados já me conheciam, e nos transatlânticos que aportavam na cidade. Dessa forma entrevistei Malba Tahan (heterônimo de um escritor brasileiro, autor do sucesso "O Homem que Calculava") e o almirante Gago Coutinho, o primeiro a atravessar o Atlântico de avião, em 1922", regozija-se.

Pouco depois, quando Fernando Chateaubriand, filho do Assis, assumiu a superintendência do Diário de Pernambuco, renovou o jornal criando um sofisticado arquivo de redação e treinou Celso para ser o responsável ali. "De vez em quando ele chamava alguém importante para fazer um demonstração e dizia assim: peça a fotografia de qualquer pessoa para ver a velocidade do sistema. Aí eu tinha de correr".

Até que em 1963, abriu no Recife uma sucursal do respeitado carioca "Última Hora", do Samuel Weiner, onde antes funcionava o Correio do Povo. Celso foi contratado como copidesquista ao lado, do hoje novelista, Aguinaldo Silva, tendo Ronildo Maia Leite como um dos secretários. "Foi ali que comecei a escrever uma coluna diáriamente, extremamente radical, sobre cinema, assinando como Celso Marconi". Mas, o que Celso chamava de ‘radical’? Ele explica que assumia uma postura de combate contra o cinema norte-americano. "Eu não amenizava. Condenava mesmo, e era em prol do cinema brasileiro. Era um postura explicitamente nacionalista".

Só que em 31 de abril do ano seguinte, aconteceria o golpe militar e o Última Hora no Recife foi fechado. Alguns jornalistas foram presos, circunstância que se abateu sobre Celso algum tempo depois. "Fiquei preso por três meses, encarcerado numa sala pequena com 14 pessoas. Diziam que eu era terrorista, mas não fui torturado fisicamente, só psicologicamente".

Quando saiu, Celso trabalhou num instituto hoje equivalente ao INSS. "Era um salário pequeno, mas era a salvação da minha vida, até que em 1966, Vladimir Calheiros me chamou para o Jornal do Commercio. Na verdade, havia uma determinação dos militares dizendo que ex-jornalistas do Última Hora não podiam ser contratados pelo DP ou JC, mas o Calheiros desobedeu". Em 1965, antes de ir ao Commercio, Celso ressalta que o colega Fernando Spencer abria uma espaço em sua coluna no DP para ele atuar como colaborador.

1965 foi uma ano memorável. Celso viajou ao Rio de Janeiro com Spencer para cobrir o primeiro festival internacional de cinema daquela cidade, que trouxe entre outros Ingmar Bergman e Valerio Zurlini, além da presença de medalhões brasileiros como Glauber Rocha, a quem o jovem crítico foi apresentado.

Da época do Jornal do Commercio, Celso recorda já iniciar com uma coluna diária sobre cinema e de também ter atuado como copidesquista. Um momento marcante aconteceu em 1967 e 1968. "Fui editor do Caderno 4, uma publicação que saía no domingo sobre cultura. E Vladimir me dava total liberdade para eu fazer algo revolucionário no sentido formal. Eu tinha muito interesse por diagramação e inventava bastante nesse sentido. Eu brincava nos designes das capas com o ‘Pelé’, um contínuo do jornal e quem levava a fama da capa bonita era o titular da diagramação, o ‘Quarentinha’", conta sorrindo.

Claramente orgulho, Celso recorda que o Caderno 4 marcou, publicando grandes matérias sobre os jovens músicos iniciantes: "Demos duas páginas para o desconhecido Paulinho da Viola. Também passamos três dias andando pra todo lado com o Caetano Veloso na cidade, além de termos publicado no Recife o famoso manifesto tropicalista".

Algumas dessas e outras histórias do Celso jornalista podem ser lidas com as letras do próprio autor no livros mencionados acima, que aglomeram textos publicados no Jornal do Commercio entre 1966 e 1974, e no volume dois, outros escritos, sobretudo dos anos 1970. "Ainda quero lançar um terceiro volume sobre o cinema brasileiro nos anos 1980 e 1990 além de outro sobre o cinema estrangeiro". Que venham então, Celso Marconi


Além da crítica


Se a carreira do jornalista Celso Marconi impressiona não só pela qualidade mas também pela longevidade em seus mais de 40 anos de atividade, encerrada em 1989 no Jornal do Commercio, como detalhamos na edição de ontem, é também de impressionar a atuação de Celso como cineasta - que lança em breve um DVD duplo com 22 registros em audiovisual - como professor de jornalismo, como diretor do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe) e como programador de cinema.

Nesta última função, começou na segunda metade dos anos 1960 a partir da iniciativa de Fernando Spencer, que criou uma sessão de arte na Soledade, com a ajuda do pároco do lugar, o monsenhor Salles. "Depois fomos para o Cine São Luiz, às 10h do sábado, e era um sucesso, sempre lotando a sala. Uma pessoa que nos ajudava dando muitas dicas de filmes era o crítico Ivan Soares. E o gerente do Grupo Severiano Ribeiro, o José Ronaldo Gomes, foi uma figura extraordinária que possibilitou tudo isso. Lembro que quando o Grupo lhe demitiu, escrevi um artigo massacrando o Severiano Ribeiro", recorda Celso.

Depois do São Luiz, as famosas sessões de arte migraram para o Cine Trianon e finalmente foi para o Coliseu, a maior sala da cidade, onde passavam muito filmes de Pasolini, Godard, Bergman, Fellini e outros clássicos europeus. "Houve uma época de tanto sucesso que chegamos a produzir um show com Chico Buarque dentro do Coliseu", aponta como um momento marcante.

Por essa época, Celso era, junto ao Grupo 8 e a Fundação Joaquim Nabuco, um dos responsáveis pelo Festival de Super 8 do Recife. Ele recorda da presença do mítico crítico Paulo Emílio Salles Gomes na cidade reclamando que os jornais locais davam duas páginas para Pasolini, com um filme em cartaz, quando o que deveria receber destaque era o festival nacional. A experiência de programador levou Celso a ser convidado a administrar o Cinema do Parque. "Foi uma fase áurea, com até 1200 pessoas por sessão".

Em 1980, Celso começou a atuar também como professor no curso de comunicação social da Universidade Católica de Pernambuco, onde ficou até 1994. Três anos antes, havia assumido a diretoria do Mispe onde criou a sala de vídeo Fernando Spencer e voltou a promover memoráveis sessões de arte, agora no Cine Ribeira, Centro de Convenções. "Passei por três governos no Mispe, até sair em 2003".

Na mesma época o jornalista editou o Suplemento Cultural do CEPE, quando resgatou seu ímpeto de designer revolucionário dos tempos do Caderno 4, no Jornal do Commercio lá pelos idos dos anos 1960. "Certa vez pus uma mulher nua na capa e depois de 14 mil exemplares rodados, fui obrigado a cancelar tudo apesar de não haver nada de apelativo na imagem".

Hoje, aposentado, Celso alimenta de vez em quando o seu blog (http://celsomarconi.blog.uol.com.br) com textos tão vigorosos quanto o de outros tempos. Muito embora, o que vem curtindo atualmente é a experiência no Twitter, no qual a filha cadastrou o moderno pai recentemente.


Fonte: http://www.cinemaescrito.com/

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Próxima Reunião - Cineclube AZouganda - 21/06/09

Domingo (21/06/09) haverá reunião Ordinária do Cineclube AZouganda na casa de Nando às 14h.


P.S.: A reunião é aberta a todos. Traga sua ideia!


A casa de Nando fica no bairro do Cabanga. Maiores informações: 8705-3346 (Nando) ou 9950-0166 (Amanda)



Cineclube AZouganda:

Blog: http://www.cineclubeazouganda.blogspot.com
Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=70383397
Fotolog: http://www.fotolog.com/cine_azouganda
Grupo de Discussão: http://br.groups.yahoo.com/group/cineclube_azouganda/
E-mail: cineclubeazouganda@yahoo.com.br

Quer exibir seu filme no AZouganda?

Basta preencher o termo de autorização que pode ser baixado neste LINK.
Preencheu tudo corretamente? Então agora imprima, assine e envie pelo correio, juntamente com a cópia do filme em DVD, sinopse e ficha técnica.

O gênero das produções podem ser documentários, ficções, animações, videoclipes, filmes experimentais, entre outros.

Endereço para envio:

Amanda Ramos
Rua 107, Quadra 83, Bloco 01, Aptº 406.
Bairro: Jdm Maranguape.
Cidade: Paulista.
CEP: 53441-640.
Estado: Pernambuco


Se você mora em Pernambuco e quer evitar os custos com os Correios, entre em contato conosco ( cineclubeazouganda@yahoo.com.br ) para nos encontrarmos.

domingo, 14 de junho de 2009

Programa Conexão Cultura

Aconteceu na sexta-feira passada, 12 de junho de 2009...

Música, dança, teatro, fotografia, literatura... Após a apresentação de diversos temas, o programa Conexão Cultura trará uma conversa sobre a sétima arte, sobre o cinema. A arte que acolhe diversas expressões de nossa cultura. Estamos em Pernambuco, terra onde o cinema tem uma íntima relação com o povo.

Para a conversa desta sexta-feira, convidamos a coordenadora do Cineclube AZouganda e assessora de comunicação da Federação Pernambucana de Cineclubes (Fepec), Amanda Ramos.

Com a primeira exibição no dia 11 de abril de 2006, o Cineclube AZouganda se tornou o primeiro da Universidade de Pernambuco (UPE). O nome vem do neologismo: azougue (bebida tomada na cerimônia do maracatu rural, feita com cachaça, pólvora e limão) e ganda (gandaia, festa, combustão, etc).

A referência ao maracatu rural é bastante legítima. A sede do projeto é a Faculdade de Formação de Professores de Nazaré da Mata (FFPNM). O Cineclube AZouganda reside em Nazaré da Mata, cidade-pólo do maracatu de baque solto, maracatu rural.

Durante a entrevista, com duração prevista de 15 minutos, abordaremos os seguintes temas: interesse da entrevistada por cinema; surgimento do cineclube; o nome AZouganda; participação dos universitários e dos moradores de Nazaré da Mata; processo de escolha dos filmes; Federação Pernambucana de Cineclubes; Conselho Nacional de Cineclubes; dicas para quem deseja participar ou montar um cineclube; conquistas; parcerias; projetos; etc.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Reunião - Cineclube AZouganda - 07/06/09

Domingo (07/06/09) haverá reunião Ordinária do Cineclube AZouganda na casa de Nando às 14h.

P.S.: A reunião é aberta a todos. Traga sua ideia!

A casa de Nando fica no bairro do Cabanga. Maiores informações: 8705-3346 (Nando) ou 9950-0166 (Amanda)



Cineclube AZouganda:

Blog: http://www.cineclubeazouganda.blogspot.com
Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=70383397
Fotolog: http://www.fotolog.com/cine_azouganda
Grupo de Discussão: http://br.groups.yahoo.com/group/cineclube_azouganda/
E-mail: cineclubeazouganda@yahoo.com.br

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O Pai que trocou a escola do filho por filmes

O Pai que trocou a escola do filho por filmes

(OGlobo - 24/05/2009 05:00:07)

Escritor canadense conta como passou a se relacionar melhor com jovem ao organizar sessões de cinema

Eduardo Fradkin

O ex-crítico de cinema e escritor canadense David Gilmour (homônimo do guitarrista do Pink Floyd) estava prestes a fazer um livro sobre como superar decepções amorosas com mulheres e já tinha até uma editora para lançá-lo, quando seu filho Jesse abriu-lhe os olhos.

- Ele me disse: "Ninguém vai ler isso. Não é para o público feminino, e os homens não compram livros desse tipo. Por que você não escreve sobre os três anos que passamos vendo filmes?" - relata Gilmour, em entrevista por telefone.

O pai seguiu o conselho, e o resultado é "O clube do filme", sucesso mundial que será lançado no Brasil amanhã pela editora Intrínseca. A obra narra uma história real: Jesse, aos 16 anos, estava sem rumo na vida, reprovado em várias matérias na escola. David, então, fez-lhe uma proposta singular. O garoto poderia deixar a escola e não precisaria arranjar trabalho. Poderia dormir até tarde e fazer o que quisesse, mas teria que assistir a três filmes com David por semana e debatê-los.

- Ele realmente odiava a escola. Eu acredito muito na educação, sou professor universitário em Toronto. Mas Jesse era um caso especial. Algo na personalidade dele fazia com que lhe fosse penoso ficar horas sentado na sala de aula. Era algo fisicamente doloroso. Isso se tornou um problema entre nós, porque eu queria que ele terminasse a escola, então ficava cobrando os deveres dele. Nossa relação se tornou uma briga constante. Percebi que, no fim das contas, eu não poderia forçar um moleque de 1,93 metro a fazer o que era necessário para concluir o ensino médio. Tudo o que eu conseguiria era destruir nossa relação e levá-lo a sair de casa. Em seis meses, é o que teria acontecido. Eu o teria perdido - alega David.

O escritor ressalta que aparentemente nada havia de errado na personalidade do filho:

- Ele não tinha problemas comportamentais ou intelectuais. Era sociável, falante. Apenas odiava a escola.

Garoto-problema se tornou roteirista e estuda atuação

Hoje, Jesse está com 23 anos. O que anda fazendo?

- Para a surpresa de todos, ele acaba de escrever e estrelar seu primeiro curta-metragem, de dez minutos, e também escreveu o roteiro de um longa que será filmado em algum momento durante o ano. Um famoso produtor canadense o leu e gostou do texto. Foi uma surpresa para mim e a mãe dele, pois não esperávamos que ele se interessasse por atuar ou escrever roteiros. Há mais ou menos um ano, ele decidiu que era o que queria fazer.

No fim do livro, Jesse resolve voltar para a escola e faz um curso intensivo de três meses para prestar um teste de admissão. Ele passa. David diz o que aconteceu depois disso:

- Ele entrou na Universidade de Toronto e ficou um ano estudando lá. Mostrou a todos que podia ser um universitário, mas disse que descobriu o que queria fazer, que era escrever um roteiro, e abandonaria a universidade para realizar aquilo. Foi para a Tailândia e três meses depois apareceu com o roteiro. Outra surpresa é que Jesse se revelou um bom ator. A mãe dele é atriz e o preparou para o curta de dez minutos. Ela me disse que ele tem um dom natural para atuar. Ele vai fazer isso no próprio filme. Está começando a tomar aulas de atuação.

Todavia, David não atribui ao cinema a ligação afetiva construída com o filho.

- Nós não nos aproximamos por causa dos filmes. Nós já nos adorávamos. A escola era o problema. No momento em que eu disse para ele que não precisava mais ir à escola, ficou tudo bem. Jesse precisava de duas coisas. Precisava de tempo para se tornar quem ele seria. Tinha só 16 anos. Nessa idade, nenhum garoto sabe o que quer. Também precisava de uma figura exemplar para a vida no mundo adulto. Se eu não servisse de modelo, ele o encontraria no seu grupo de amigos, e isso poderia ser uma encrenca. A tendência dos jovens é escolher como modelo o garoto com a personalidade mais forte, que pode vir a ser um delinquente ou um traficante. Eu acredito que adolescentes precisam de seus pais muito mais do que admitem - afirma David.

Todos os filmes vistos por Jesse dos 16 aos 19 anos foram escolhidos por David, com base em dois critérios: ele os tinha adorado em algum momento da vida, e deviam ser de todos os gêneros. Para que o filho não se tornasse esnobe, ele lhe mostrava com o mesmo entusiasmo "Cidadão Kane" ou "Instinto selvagem". As reações, às vezes, o surpreenderam.

- Mostrei "Os reis do iê iê iê" achando que ele ia adorar, mas ele detestou. Mostrei "Ran", de Akira Kurosawa, pensando que o entediaria, e ele adorou. Acho que é porque há algo nesse filme que sugere a solidão da natureza humana, algo que todos sentimos. Até ver esse filme, Jesse devia achar que era a única pessoa que tinha esse sentimento de estar só no mundo. Ele tinha estudado "Rei Lear" na escola e tinha odiado a peça de Shakespeare. O filme é a mesma história adaptada ao Japão do século XVI. Outro filme que me surpreendeu foi "Amores expressos". Na época, achei que era porque tinha uma chinesa bonita nele, e Jesse tinha acabado de perder uma namorada chinesa e estava de coração partido. Mas hoje vejo que o motivo era outro. Esse é o tipo de filme que inspira jovens cineastas, porque parece que qualquer um poderia fazê-lo - arrisca o autor.

Tiros em Columbine

Tiros em Columbine

Por Marcelo Ikeda


Sim, é possível tecer uma gama de argumentos contra Tiros em Columbine: sobre o estilo pop e superficial de Michael Moore, seu estilo pouco cinema de documentário para TV, seu enfoque várias vezes sensacionalista, etc, etc, etc. Mas antes de todo esse repertório de argumentos formalistas, é preciso que se diga que Tiros em Columbine é um filme corajoso, que deve ser visto e que atinge em cheio o público.

O polemista Michael Moore faz um filme de entrevistas, mas também com muita voz-off que acaba tecendo um componente ideológico claramente identificável. É fácil perceber as teses que Moore quer derrubar, que ele é contra, e isso corretamente pode ser visto contra uma técnica do documentarista de entender a realidade quase como um sociólogo, vendo os dois lados e mantendo uma certa neutralidade, deixando o lado criticado se defender.

Mas é inegável a eficiência com que Moore apresenta seu filme. Primeiro, com uma montagem fascinante. Segundo, com uma linguagem bem-humorada (algumas vezes nos faz lembrar até de Ilha das Flores) e com um ritmo que torna seu documentário extremamente atraente para o público em geral. É surpreendente também a coragem de Michael Moore, em como seu filme é um manifesto furioso contra a política americana, contra a visão da nação perfeita e do “American way of life”, e em como seu filme constrói sua visão que os Estados Unidos são a nação do medo.

Quem pensar que Michael Moore é um sensacionalista mais preocupado com o sucesso de seu filme do que em realmente o tema do documentário em si irá se surpreender com o filme. Algumas cenas mostram sem nenhuma dúvida o tom humano que Moore confere ao seu documentário. Não há por exemplo câmeras escondidas. É marcante uma cena em Flint quando uma professora dá as costas para a câmera quando não consegue falar sobre o incidente, e como a câmera se mantém respeitosamente, não querendo pegar a lágrima da mulher em close, e como Moore se aproxima da mulher, dando as costas à câmera e ficando ao lado dela. Quando a van de um executivo arranca, comprovando a negativo do empresário em responder a Moore, sua cara de desolação mostra nitidamente seu envolvimento. Outra cena de inegável impacto é quando Moore pede que Charlton Heston olhe para a foto da criança morta em Flint, e a deixa carinhosamente na sacada da casa do ator.

Agressivo, polêmico e incisivo como poderia se esperar de qualquer filme de Moore, Tiros em Columbine é também um filme sentido, um trabalho pessoal, e nunca somente mais um produto sensacionalista disposto a tornar o cineasta uma celebridade mais do que realmente colocar questões sobre seu tema. Apesar de manipulador na forma como conduz o documentário, essa manipulação se contrapõe com a paixão com que abraça seus argumentos e pela indignação, o que mais que justificam seus possível erros. Investindo raivosamente contra a mídia, o que torna sua posição como cinema num viés particularmente político, e ainda mais particularmente corajosa, Tiros em Columbine é um filme apaixonado, vigoroso e urgente. Pontos mais que suficientes para torná-lo um filme recomendável.


Fonte: http://www.geocities.com/Hollywood/Agency/8041/frio02/columbin.html