sexta-feira, 8 de junho de 2007

Mostra AZ de Curta-Metragem


Exibição do dia 22 de maio de 2007


O cinema começou com curtas.
Depois se alongou e se complexicou.
O Cineclube AZouganda do complexo virou simples e maior, bem maior.
A questão é que tamanho não é documento.
15, 20, 30 segundos, um comercial da Coca-Cola.
Fala de Fidel Castro. Fala de Paulo Leminski, Dalton Trevisan.
“Cama de Gato”, Caio Blat. Amor de mãe.


Agora tem curta-metragem no big, big, great Cineclube AZouganda.
Terça-feira, 22 de maio.
De tarde, 15h30.
De noite, 19h30.
Dê uma rapidinha na FFFPNM.

A Máquina

Exibição do dia 11 de maio de 2007


A Máquina

Por Fabiane Secches


“A Máquina” é o filme de estréia de João Falcão, experiente dramaturgo com um respeitável currículo no teatro e na televisão. E Falcão, que não é bobo nem nada, começou logo com o pé direito e escolheu como tema de seu primeiro longa-metragem a adaptação da peça homônima, baseada em romance também homônimo (Editora Objetiva) de sua mulher, Adriana Falcão.
É um conto de fadas moderno, mas que conserva a peça chave: o amor como elemento transformador da realidade (exatamente como em outras histórias do gênero). Quando os sonhos desafiam as leis da física e da geografia, quando as condições políticas e sociais são cruéis, mas ainda assim não roubam a vida interior e nem os sentimentos genuínos, então ainda existe algo de belo a ser contado. E é neste contexto que está inserido a fábula “A Máquina”, que além de um bom roteiro, traz atuações primorosas.
O filme encanta, sobretudo pela linguagem multidisciplinar (própria de quem transita com segurança entre diversos meios de comunicação como João Falcão faz) belamente construída ao misturar mídias como o cinema, a televisão, o videoclipe e o teatro.
O contemporâneo filósofo francês André Comte-Sponville, ao questionar se o que fazia era Filosofia ou Literatura, escreveu: “deixo os rótulos aos que eles ainda interessarem”. Creio que este é o segredo de se fugir do lugar-comum – fugir da segregação e da catalogação. Pois então, para mim, João Falcão, ao trazer esta cultura “politeísta” para as telonas, só poderia mesmo ter entrado para o mundo do cinema com o pé direito. E inspirada pela rebeldia lingüística, diria até que com os dois pés direitos, afinal.


Endereço deste artigo: http://www.zetafilmes.com.br/criticas/amaquina.asp?pag=amaquina

AZ na Semana de História da FFPNM

A coordenação do Cineclube AZouganda participou da VII Semana de História da FFPNM nos dias 4, 5 e 6 de maio de 2007 exibindo os seguintes filmes:

CABRA-CEGA (SEX ÀS 18:00)
GUIA DOS MOCHILEIROS DAS GALÁXIAS (SEX ÀS 22:00)
MANDERLAY (SÁB ÀS 13:00)
LOLITA (SÁB ÀS 16:00)
TERRA PARA ROSE (SÁB ÀS 18:00)

Hair

Exibição do dia 26 de abril de 2007


O que você prefere, fumar um baseado ou ir pra guerra?


Hair (cabelo), foi durante boa parte da década de 70 o anti-tudo mais romântico dos EUA, anti-guerra, anti-repressão, anti-burguesia, ou seja, liberdade e justiça para todos. Baseados, “docinhos” e a vontade de lutar no Vietnã, fazem com que todos se perguntem: Qual foi a maior loucura que eu já cometi? Qual foi a maior loucura que sou capaz de cometer?
Numa época em que ainda se consideravam gays ou homens com cabelo grande como vagabundos que fumavam um baseado, é incrível como Milos Forman conseguiu mostrar de forma tão lúdica toda estupidez e intolerância de mandar meninos para morrer nas selvas vietnamitas, e o que é pior, com apoio dos próprios pais.
O musical, inicialmente escrito para a Broadway, ainda hoje traz a tona sentimentos quase esquecidos, ou esquecidos à propósito, amizade, vontade de querer bem e o amor. Não o amor possessivo, mas sim o amor verdadeiro, amor por seus amigos, sem cobranças e sem limites.
Vejo nos contrastes norte-americanos da década de 70 exemplos totalmente usáveis para os dias de hoje, quantos de nós não gostaria de ter um amigo como aquele, capaz de dar a vida pelo outro, sem cobranças, sem arrependimentos, pura e simplesmente por amor, ou loucura, seja lá o que for faz muita falta nas vidas juvenis de hoje.
Em tempos que BBB mobiliza as atenções de um país continental como o Brasil, é quase inimaginável ver alguém agir com tanta coerência (mesmo dentro da loucura total), e com tanta liberdade espiritual.
Vejo no Hair, ainda hoje, um apelo a todos esses sentimentos, e que cada um possa fumar seu baseado e se quiser vá para guerra, quem sou eu para dizer que não.

Luiz José OliveiraEstudante do 1º Período de Geografia da FFPNM-UPE




Cinema Musical: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinema_musical


Ônibus 174


Exibição do dia 11 de abril de 2007


Ônibus 174

Por Thiago P. Ribeiro


Mansões e barracos. Carros importados e pés descalços. O chão gelado das marquises e o quarto confortável do doce lar burguês. Miséria e ostentação. Rocinha e Jardim Botânico. Viver e sobreviver. Diversas são as dualidades possíveis e imaginárias ao assistirmos o filme Ônibus 174. Os depoimentos, as imagens, o rancor em algumas falas, o pesar em outras, a trilha sonora, tudo parece nos encaminhar para um conflito entre o marginal e o incluído. Entre nós e aqueles que não são.

Sandro era mais um de nossos meninos de rua. Nosso novo Pixote. Garotos destemidos e sem esperança. Seus caminhos, trilhados pela loucura, marcados por traumas, perseguição e morte remetem a vidas sem rumo, em um país invisível. Exclusão apoiada pela maioria e percebida por poucos.

O diretor José Padilha volta ao episódio para nos revelar que o que vimos era apenas um fragmento da história. Tínhamos uma impressão errônea, nublada pela raiva e cega pela covardia. Os depoimentos colhidos, o levantamento dos dados e a investigação efetuada nos revelam que as raízes do mal plantado naquela tarde carioca estavam profundamente fincadas nas mazelas sociais e econômicas do país.

Bandidos, policiais, seqüestrados e familiares expõem seus pontos de vista sobre o que realmente motivava Sandro e mais uma vez nosso cinema mostra a realidade e nos atinge certeiramente. Somos arremessados ao submundo de nossas vidas. Trechos de existência que tentamos esquecer e renegamos com fervor. As ruas não nos pertencem. As falas soam como distantes idéias de disparidade entre nosso mundo e aqueles relatos.

Somos diferentes. Somos superiores. Somos o juíz e o júri do caso 174. Absolvemos os policiais culpados da morte de Sandro. Queremos vingança. A morte foi merecida. O "suicídio" de Sandro foi a solução encontrada para dizer que damos o poder a polícia. Nosso braço armado está livre para julgar, condenar e matar. Temos a sensação de alívio. A panela não está mais preste a explodir. Será?




Endereço deste artigo: http://www.cinemando.com.br/arquivo/filmes/onibus174.htm
Cinema Documentário Brasileiro: